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segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Indecisão

E de repente, você pára para tentar analisar um fato e não consegue escolher entre duas valorações opostas. Você simplesmente não consegue decidir se algo é bom ou ruim,
se é simples ou complexo,
se você acha uma experiência válida ou mera perda de tempo,
se você precisa continuar sendo sincero ou se pode dissimular de quando em vez,
se precisa saber entender as pessoas ou pode questionar suas personalidades,
se deve amá-las - incondicionalmente - ou odiá-las - condicionalmente,
se a vida é uma aventura boa ou um carma e,
principalmente, se um sorriso é patético ou simpático.

Independentemente disso, em toda a decisão tomada você ganha e perde algo. Perceber isso, é amadurecer, acho. Durante anos das nossas vidas as decisões que nos influenciariam foram tomadas por outras pessoas. Vezes outras, só havia um caminho. E de repente, você precisa tomar decisões, controlar sozinho todas as esferas do seu viver e aprender a lidar com a perda. E essa sensação me é tão feia, mas tão feia, que mais do que nunca eu tenho certeza de ter sido alguém mimado e superprotegido. Mamãe, papai, a redoma quebrou.

(O que me consola é que mesmo decidindo, perdendo e ganhando algo, eu ainda tenho 50% de chances de escolher certo, e perder algo ruim. E se eu decidir errado, bem, muitas opções humanas podem se desfeitas...)

For now on, let me fly,
this unhinged task
of have to fly.
Because to standstill,
it's not an option for me.
Neither is to regret,
nor to suffer
for things I can control.
I'll focus in what I can.


(Eu pensando tudo isso e ao mesmo tempo observando como as pessoas perdem tempo ridicularizando as escolhas das outras. Nessas horas procuro ficar calado e imparcial. Voltemos à velha técnica: inspire, expire, inspire, expire... postura! Entoe mantras!)

domingo, fevereiro 27, 2005

Update your System

Indubitavelmente, cada um de nós possui um certo sistema de valores internos segundo o qual baseamos o nosso agir. Acontece muitas vezes que esse sistema é questionado por fatos externos. Imagine um velho palco de teatro suspenso por vários pilares. Um palco tão velho quanto você é, na verdade. Ele possui inclusive algumas áreas incompletas. Sobre ele desenvolve-se toda a sua vida, e os pilares são os seus valores. Acontece muitas vezes de você de repente se deparar com uma situação antes inimaginável - são os furos. Outras vezes acontece que algo vem a desestabilizar um ou mais pilares. Imagine a coreografia desequilibrada de você, ator, tentando continuar com o espetáculo. É uma melo-comédio-drama chamada "La vie" à qual você se dedica durante toda a sua vida em sessões ininterruptas de apresentação sem jamais repetir a mesma cena, sapateando o tempo todo e girando uma varinha para equilibrr um prato de porcelana. Não há tempo para intermissions nem para os reparos nos pilares que erigem o palco de "La vie", e o show deve continuar. Agora, imagine o que seria do eterno espetáculo sem os reparos num tablado tão velho quanto você. Se nunca ninguém perguntasse "Hei, será que essa coluna está firme o suficiente?", talvez tudo desmoranasse no clímax da exibição. Seria o exemplo o mais perfeito impossível de uma "comédia pastelão".

sábado, fevereiro 26, 2005

Moody

Estou tão mal-humorado porque não tenho conseguido dormir direito que hoje eu me prometi quebrar três das minhas fundamentalíssimas regras de alimentação. Apesar de que uma coisas não tem nada a ver com a outra. E cala a boca que eu estou com raiva, e pessoas raivosas não precisam de porquês e nem de nexos.
Hoje na minha tradicional caminhada matutina de sábado eu comi pastel frito (tá, era de banana, um pouco saudável).
Ao voltar eu fiz brigadeiro.
Agora só falta decidir se a terceira regra a ser quebrada será a do refrigerante ou a do xis-salada. Quem sabe eu tente as duas juntas e ainda coloque bacon no lanche. Só assim vão cinco regras num dia só.
E não enche o saco também.

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Levantando acampamento

O pessoal está voltando para o apê. Graças divinas! Esse apartamento é grande demais para uma pessoa só, e eu estava tão "espalhado" que consegui ocupar cada cômodo. Por vezes, saía do banho e me encontrava na sala. Ia para o quarto dormir e me perdia de vista. Chorava perdido no escuro.
Ontem foi o dia de levantar acampamento da sala.
Amanhã, como o meu irmão deve chegar, é dia de abandonar o quarto dele.
Vou juntar tudo, tralha e ferramenta, choro e sorriso, inocência e experiência, e voltar pro meu quarto. Será meu reduto, onde a vida terminará de voltar ao normal, onde terminarei de rejuntar as facetas da minha vida que eu havia deixado se perderem por aí, numa curva que eu pensei que fosse reta. Numa esquina com uma placa bem grande que eu não soube ver, na pressa inocente de quem quer ser feliz rapidamente. Agora, reduzido ao meu quarto, a pressão aumenta, as partículas se juntam, se cumprimentam e tomam chá comendo biscoito. Chá de camomila, para se manterem tranqüilas.
A vida não é curta. A vida é longa demais. Se pudéssemos tomar uma decisão e ver, um segundo depois, a perda de tempo que isso poderia representar, o sofrimento que poderia trazer, isso sim seria uma vida curta. Curta e boa. Mas ela precisa ser longa pra que nos sintamos idiotas pensando: "Quanto tempo jogado ao vento, quantas lágrimas disperdiçadas!". E logo depois: "Como eu nunca mais quero passar por isso, como eu preciso aprender a ponderar as coisas, como nada vale a pena se comparado com a minha felicidade". E então, torna-se uma vida longa e boa, espero, pois estou no meio do caminho, com medo das curvas, e ainda não vejo onde tudo isso acaba. Onde tudo isso acaba...

(Dispenso agora a pressa inocente de querer ser feliz rapidamente. Vamos com cautela, Leãozinho).

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Gula

Aaaaah! Estou até emocionado agora! Acabo de voltar do mercado: eu comprei co-mi-da... Ah, depois de tanto tempo! Hahaha. Precisavam ver eu indo ao mercado e falando em voz alta na rua: "Eu não acredito... eu vou comprar... comprar.... comprar". Me sentindo "O" burguês, com 20 reais de capital. (Como eu sei economizar eu não gastei tudo)
Eu tenho até leite pra beber*. Meo, isso aqui tá um luxo! Tenho que parar de esbanjar.
Hahaha


*Tá, eu ainda não tenho dinheiro pra comprar achocolatado, mas ainda tenho café. Olaiá, que alegria. Deus é pai.

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Xingamento

"[...] são sujeitos como tu que estão a ser treinados para guerrear nas arenas de Espanha!!!!"

É assim que um português irritado te xinga.

Hahahahaha.

terça-feira, fevereiro 22, 2005

Poço Financeiro

Durante 15 dias eu vou estar livre de ter que ler a Folha de São Paulo pela Internet. Ganhei edições grátis.
Ah, que prazer é comer seu pão e jornal quentinhos todas as manhãs!
Eu queria poder pagar por isso.
(Pelo pão inclusive)
Hahahahaha.

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Estou pasmo!

Hoje eu assisti à primeira parte do filme Kill Bill pela segunda vez. É que eu, que não sou tanso nem nada, salvei uma imagem do filme no computador e crackeei.

Pasmo eu fiquei quando descobri dois erros grotescos no filme:

I - Na hora da morte da O-ren Ishi o cabelo dela simplesmente solta, sendo que antes ele estava amarrado! E o tampo da cabeça que ela perde não faria com que ele soltasse! (Crédo! Hahahaha)

II - À 1h41'42'', quando aparece um avião num fundo alaranjado, é possível ver dois dos cabos que seguram a miniatura. Um saindo de cima da cabine de comando e o outro provavelmente da asa que não aparece inteira.

Meo Deus, é um filme do Tarantino! Não deveria acontecer esse tipo de coisas!
Pasmem!

Futura tatuagem

Eu acabo de ter alguns dos momentos mais produtivos da minha vida durante um conversa. E, melhor, com uma pessoa que eu não esperava. Ótima relação custo/benefício. Vou dormir mais tarde, mas muito mais feliz.

E da conversa inteira sobraram duas perguntas que eu vou tentar me fazer a cada dia da minha vida, nem que eu tenha que tatuar na minha mão pra não esquecer: "O quão seguro você está da pessoa que você é? E por quê?". Se você está seguro com você. Você tem que estar feliz.

Acho que isso me ajudaria inclusive naquele problema maior que é saber o que eu quero e saber qual rumo tomar. É isso. Nada de espalhar pensamentos pela casa de novo. Vou é espalhar essa frase.

(Hoje à tarde eu pensei: "Hoje eu quero encontrar algo bom em alguém". E eu tive muito sucesso. )

domingo, fevereiro 20, 2005

E a cabeça dele girava e girava
E disso fazia a sua razão de existir
Ela parecia estar ali para girar

E ele já nem sabia se via isso de fora ou de dentro
Era tanta coisa misturada
Tudo tão velho e tão novo
Ora claro, ora paradoxal.

E tudo começou a divergir
e convergir de novo
"Dança maluca essa dos pensamentos"
Pensou ele.
Tudo divergia porque mais nada fazia sentido
E tudo convergia porque mais do que nunca
Ele tinha certeza que ele devia ser sua própria razão de viver
Ninguém mais se importaria.
Isso era triste pra ele.
Mas algo com que ele teria que conviver.

Vade Retro Satanás

Eu sinto que eu preciso escrever, mas não sei bem sobre o quê. Isso me faz pensar que talvez eu nem devesse, mas...
Bem, acho que eu pretendia falar sobre quanta raiva eu venho sentindo nos últimos dias. Raiva de pessoas. Talvez nem tanta raiva, mas estou repugnado. Sinto nojo de o quanto elas conseguem passar por cima de tudo que eu sou e teno ser. E esse sentimento contra as pessoas é algo bem novo pra mim. Estou cansando, é isso.
De quinta-feira pra cá aconteceram pelo menos quatro fatos que me deixaram muito bravo. E raiva externa, daquele tipo espumante. Se chegam a atravessar meu caminho eu nem sei do que eu seria capaz.
Agora, além de continuar confuso, eu estou com medo, porque eu me conheço e eu sei o quanto eu posso ser explosivo. Ontem mesmo na balada eu ouvi um comentário que... (inspira, expira, inspira, expira) não sei como eu não enfiei a mão na cara do animal.

Estou extremamente cansado de certas coisas. Quero que tudo se fod*!
Parece que eu não sou bom o suficiente pra ninguém, porr*.
Nem pros amigos, nem para os familiares, nem pra quem eu amo: pra ninguém.
Ah, é? Jura? Pois pra mim eu sou, ok?! Eu tento ser o melhor que eu posso.
Fod*m-se todos!
Fod*-se o controle
Fod*m-se a calma e a serenidade
Fod*m-se as minhas poesias e minhas outras infatilidades!
Fod*m-se as tentativas que não dão certo!
Fod*-se o meu plano bobo que eu escrevi na porta do meu quarto de querer "salvar qualquer decência do caráter humano" de "querer transcender".
Cansei de tentar ficar provando as coisas pros outros, eu tenho sentimentos, eu tenho poesia, eu tenho vontade de ser melhor e veja eles quem quiser. O restante tome distância.

sexta-feira, fevereiro 18, 2005

Coffeemancia*

Vocês nunca param durante um café com pão, presunto e queijo, para pensar onde e o que estará fazendo a pessoa que passará o resto dos dias ao seu lado?
Se ela não estará apaixonada também?!
Sofrendo também?!
Começando a sentir ódio também?!
Ou numa fase "galinha" como você antes?!
Será que você já não a conhece?!
E será que ela também não está cheia de perguntas?!

Ou será que só eu sou infantil?!
Ou será que só eu sou patético?!

E será que ela também não está cheia de perguntas?!

_______________
*Nunca ouviram falar de Necromancia, Quiromancia, Cartomancia? Pois então -mancia: suf. arte de adivinhar o futuro.

Ditadura

- O que você disse ovelha?!
- Róin-róin-róin.
- Mais alto, ovelha!
- Óin-i-óin-i-óin!
- Grita ovelha!!!
- MÉÉÉÉÉÉÉ!!!
(BANG-BANG-BANG!)
(SILÊNCIO)
(BANG!)

Nem todo mundo está preparado para ouvir o que você tem a dizer.
Mas tentar dissimular quem você é, só adia o conflito.

quarta-feira, fevereiro 16, 2005

Sociologia em um Defectivo

Está na minha Gramática da Língua Portuguesa: "Defectivos são os verbos que não possuem conjugação completa, por não serem usados em certos modos, tempos ou pessoas. São formas que não foram vivificadas pelo uso"
Vejamos a conjugação no presente do indicativo do verbo Abolir:

Eu
Tu aboles
Ele abole
Nós abolimos
Vós abolis
Eles abolem

O que me leva à seguinte conclusão:
Eu só "abolo" se todo mundo abolir também,
no caso, "nós abolimos".

E eu não sabia que existia tanta sociologia
Na conjugação verbal!

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Instrumento Arcaico

É guerra
É morte
É destruição

É barulho
É engarrafamento
É poluição

É frio
É sede
É fome

É bomba atômica
É derramamento
É tsunami

É amor não correspondido
É amigo falso
É desilusão

É problema familiar
É financeiro
É 2ª divisão

É AIDS
É Ebola
É tumor

É maligno
É fatal
É dor

É dor
É dor
É dor

Afinal,
Quem precisa de corta-unhas?

Ingrato

Deveria ser proibido fazer aniversário no Domingo. Quem olha calendários aos domingos? Sábado tudo bem, pois mal passou a Sexta. Mas Domingo?!

Droga!
Desculpa furada, né?!

Eu sou mesmo um péssimo filho!



(Sim, eu sou um monstro. Eu esqueci o aniversário da minha mãe e do meu irmão ontem. Não bastasse o do Marcelo Flávio.)

Incógnita

Eu não sei porque eu pensei em você o dia inteiro
Eu não sei como eu fui esquecer
O aniversário da minha mãe e do meu irmão
Eu não sei por que eu penso tanto em quem não liga
E esqueço de quem gosta de mim
E penso em quem não pensa

Eu não sei por que eu bebi
Eu não sei por que eu falei o que falei
Eu não sei por que ser sincero
Eu não sei por que eu chorei

Eu não sei como os meu amigos me entendem
Eu não sei como eles me aceitam
Eu não sei como Ele ainda deixou eu chorar no seu ombro
Eu não sei por que você é como é
Nem por que sou como sou
E sinto o que sinto

Eu não sei nada de nada
Eu sou um eterno porquê
E eu não entendo
E não sei por que ter que entender
E continuo sem saber :

Porque eu choro
Por você?

domingo, fevereiro 13, 2005

Lições Cinematográficas

Eu adoro filmes.
Principalmente os tristes.
Choro mesmo.
Eles fazem eu ver o quanto eu NÃO tenho problemas.
E o quanto eu quero ser alguém melhor.
Melhor e feliz.
Seja lá o que eu tenha.

Ah, malditas pretensões!
Eu estava tão confortável!
(Xô, preguiça!)

Mesmo assim, meus pensamentos parecem convergir.
Estou começando a descobrir algumas coisas.
Como escolher o que quero da vida.
Como o que eu espero de mim.
Esperar dos outros é mau.
Esperar de si é bom.
E fazer acontecer.
Eu acontecerei.
Eu mudarei.
Será difícil.
Mas...

Rs!

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Reações Impulsivas

Eis que lá vou eu, atrasado para o Cursinho, correndo pelo centro de Florianópolis, quando me deparo com um círculo de pessoas em volta de um artista de rua. Um palhaço, para ser exato.

Em fracionéssimos de segundos ouço o grito debochado:
"Tá com pressa pra ir ao banheiro?!"
(risadas)
E então eu faço um gesto usando o dedo do meio.
(murmúrios)
E ouço:
"Ha-há! Eu tenho dois!"
Vez do palhaço gesticular
E ele continuou:
"Ganhei: 2x1!"


Conclusão: um pobre artista de rua conseguiu ser mais "esportivo" e bem-humorado do que eu. Mais uma vez eu tive uma atitude impulsiva, uma essência do meu caráter que só me traz problemas. (como aquela vez do soco na cara)

Obviamente, 5 segundos depois da fala do ator eu estava rindo muito.
E não era do que ele falou, mas de mim.

Agora é treinar, treinar, treinar e baixar o tempo de intervalo entre as reações impulsivas e as risadas, até eliminar a primeira etapa.

Porque eu quero ser uma pessoa melhor....



( Pelo menos dessa vez eu não arrebentei nenhuma corrente de ferro com a coxa. Hahahaha.)

Três Fórmulas, Um Sistema

(Gostaria de compartilhar isso)

Fórmula para um Agir com Ética Interna*

1 - Espere um momento em que você esteja sensibilizado(a);

2 - Pense, e decida racionalmente o que fazer;

3 - Aja segundo o que você decidiu anteriormente, sem pensar. Surgirão situações tentando o(a) confundir. Não esqueça que você já decidiu. Não pense; faça. Senão você se torna ou uma marionete das situações, ou uma "múmia paralítica".


Fórmula para um Agir com Ética Externa**

1- Faça tudo que te deixa feliz, tendo como limite o outro.

2- Seja Feliz.


Fórmula para ser Feliz

1- Não esqueça de certas coisas. Principalmente das regras acima.


__________
* Ética Interna, para mim, é uma qualidade do agir que respeita as próprias convicções e valores do ator.

** Ética Externa, para mim, é a qualidade do agir que respeita as convicções e valores dos pacientes das nossas ações.

quinta-feira, fevereiro 10, 2005

Pretextos e Pretensões

Poesia tem que ser a de momento
Regra deveria ser não rimar
E toda frase deveria parecer um grito
Não só um preencher de linhas para fechar um soneto.

A frase tem que guardar um significado imenso
E ser reproduzida com as exatas palavras
Com as quais foi concebida.
Poesia pensada é grito no travesseiro
A sílaba não pode querer só preencher a métrica.

Se rimar,
Que seja ao acaso.
Poesia boa se escreve rápido
Se escreve no susto
No momento em que borbulha

Poesia só faz sentido se libertar
Pensando muito deixa de ser autêntica
Mais um pouco, se tem vergonha
do que se pretendia dizer.

Ah! Vontade de transformar poesia em prosa!
Pretensões de um mal-entendedor da métrica e da simétrica.

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

"Escrita Automática"

...Mais uma vez aquela sensação de milhares de coisas passando na cabeça. Tantos pensamentos sobre tantas coisas! E tudo ao mesmo tempo: vida, amigos, amores, desejos, objetivos, sentidos de vida, contradições, pessoas.
Ah, essa profusão de coisas! Nem sei se todas elas têm nomes. Gostaria de catalogá-las para consultar depois. Se ao menos pudesse organizá-las!
Minhas limitações, enquanto escrevo, são apenas o papel, a tinta que resta da caneta e o tempo. Se eu sou pequena matéria passageira no meio do Universo, pobre desses instrumentos que sequer conseguem traduzir o que essa partícula aqui pensa.
Talvez nem haja meios para representar o que eu penso. Eu gostaria de inventar algo para tanto, mas mais uma vez: Ah, seu eu ao menos pudesse organizar meus pensamentos!
Escrever sem propósito: eis o que ora faço. Escrita compulsiva e quase involuntária. Nesse emaranhados de frases dos últimos meses espero me encontrar um pouco. Não necessariamente agora, quem sabe daqui a uma década. Mais importante do que a rapidez é a eficiência.
Ah, tanto que penso! Se perdem meus pensamentos iniciais a cada linha que avanço. É como abandonar seus propósitos. Mas como digo: "um dia eu ainda me encontro. E espero poder me olhar de frente. E me ver e me ver. Infinitamente."
Me conhecer e me reconhecer. Para além da mera representação do que se quer entender por "pessoa". Sou um existencialista. Um esteta, por enquanto.
Ah, o que sou eu? Quantos erros nessa vida? Quando tempo jogado ao sabor do vento? Quantas pessoas eu mesmo atropelei e atropelo? Ah, os meus valores! Que são eles se não produtos de vivências? Algumas vezes mal passam de tristes e feios traços de traumas mal-acabados! Ah, o meu viver! Ah, o meu agir! Ah, o meu querer! Ah, o meu sentir! Impulsos irracionais de idéias mal curtidas, mal expostas ao sol!
O que tenho feito eu? O que faço eu? Quanta gente machuco eu? Com quem me importo eu? Por quê me importo com quem me importo eu?
Eu!
Eu!
Eu!
Como invejo quem diz "Não é problema Meu" e não sente o pesar.
...
(suspiro)
Tantas perguntas! Saltitam milhares frente aos meus olhos durante essa escrita rápida. Já nem me vejo no palco, mas antes como espectador.
Logo eu, que gosto tanto de palco!
Um dia hei de encenar minha própria peça, um monólogo. Será uma comédia! Hei de ter todo o domínio do espaço, toda expressão corporal e todos os tons para a voz. Na iluminação predominará o vermelho (não sei o porquê, mas me ocorreu agora); mas, suspeito, haverá todas as nuances de todos os espectros das cores. Talvez para simbolizar que eu me sinto pensando toda a sorte de coisas. Amarelas e Azuis. Verdes e Roxas. Laranjas e Rosas.
Um dia... uma peça.. eu serei o protagonista. Não hei de querer aplausos ou vaias. Talvez até proíba que haja platéia (para proteger os próprios críticos).
Um dia... quando eu me encontrar... então poderei escrever algo racional. Agora sou só sentimentos, mal sei eu de onde eles vêm. E sentimento não se pensa, se sente. São impressões.
É isso que me mantém feliz nos últimos dias: essas coisas que se sente, essa quase-consciência, esse quase-controle, esse quase-conhecimento, essa quase-crônica, esse quase-saber-ser.
Eu sou um quase,
mas sou algo.
Não sei o quê,
nem sei o quanto,
só sei ser quase-algo.
Por enquanto...

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Revendo

Chá com os pais na varanda.
Risadas numa linda manhã de sol.
Histórias de quando eu era criança:

"Onde o Leandro ia ele se perdia..."

"Uma vez, na praia, ele entrou no mar e eu fiquei só olhando. E, claro, o mar vai levando a gente pro lado. O Leandro saiu do mar quase 100m longe de onde a gente estava. Eu só observando. Fui atrás dele e ele falou:
- Pai, porque vocês mudaram de lugar?!"

"No mercado a gente sempre ouvia: João e Virgília, seu filho Leandro se encontra na recepção"


É... as pessoas crescem,
Mas não mudam.

Eu continuo me perdendo por aí...

Mas agora estou aprendo a me encontrar
aos poquinhos, sozinho.

Odeio Mosquitos II

Cansei de Feriadão
Cansei de Férias
Quero voltar pra Faculdade!
Chega de ócio!
Cotidiano, me abosorva novamente!

(Só pra registrar que eu odeio mosquitos. Eles nos acordam durante a noite e ficamos pensando coisas. Ah, coisas! )

domingo, fevereiro 06, 2005

Ontem eu tentava dormir quando um mosquito me tirou do sério. Dei um peteleco nele e ainda o peguei em tempo de arrancar pata por pata para que ele sofresse, afinal, eu passaria um dia inteiro me coçando por causa dele. Sem falar na noite interrompida e nas olheiras!
Hoje eu tentava indefesamente pegar sol quando fui atacado por seis formigas desgraçadas. Amassei cada uma delas.
Como eu estou ficando cruel...
...nem liguei pro fato dos insetos também sentirem dor,
em nome dos meus interesses.

Isso é o que eu chamo de reproduzir os seus traumas.
E nem tem nada de errado nisso.
Isso é da natureza humana.


( se contradizer também é)

sexta-feira, fevereiro 04, 2005

Desculpas

Nunca foi a minha intenção,
mas eu precisava fazê-lo
por mim.

Foi uma atitude emergencial
No meio de uma chuva.
Uma chuva torrencial.

O chão estava molhado,
derrapante e instável,
e eu puxei o freio de mão:
foi a maneira de testar meu ABS.

Não queria ultrapassar o teu lado da pista.
Só não fique presa às ferragens.

Desculpas...

quarta-feira, fevereiro 02, 2005

Inspire, Expire

Sabe o que significa acordar às 6h30 da manhã,
gastar passagem de ônibus até o Centro
e, além de descobrir que as informações estavam erradas,
ouvir um "NÃO!" bem grande?

Eu também não sei o significado
E desisti de procurar.

Reação 1:
"Merda! As coisas Nunca dão certo pra mim!"

Reação 2 (10 segundo depois):
"Pensa no que a Renata disse: 'Se o sorriso não vem de dentro pra fora, façamos o caminho inverso'. (sorriso). Não era para eu conseguir esse estágio! Quer saber?! Vou enfiar a cara nos livros e passar naquele concurso!'"

E então eu começei a rir do quanto eu sou dominado pelo meu psicológico! Agora vamos usar isso pra evitar os radicais-livres. Chega de Blues!

Como eu escrevi na janela do meu quarto:
"Hoje eu serei...
Hoje eu começo tudo de novo:
Hoje eu me reciclo"

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Simbolismo III

No restaurante onde eu almoço,
há um passarinho dentro de uma gaiola.
Amarelinho de alegria, não fica quieto um segundo.
Eu sempre sento no mesmo lugar e fico a observá-lo.
Diversas vezes eu me perguntei
se ele conseguiria ser feliz dentro daquela prisão.
O fato é que aquilo é tudo que ele conhece.
Logo, ele pode ser feliz, mesmo estando limitado.

Eu fui tolo.
Eu era diferente desse pássaro...
Eu via muito mais e resolvi me trancar num cubículo,
apesar de saber do mundo todo lá fora.
Me limitei, e não podia ser feliz.

Agora estou bem na porta da gaiola,
acabo de abri-la e mirar o sol.
Estico ao máximo minhas asas para me sentir grande,
e sinto; e sinto que posso voar bem mais alto do que antes.
Bem mais leve.
Bem mais infinitamente livre e leve.

E eu voltarei a cantar,
sendo o pássaro que antes fui .
Quero voltar a fazer as pessoas rirem das minhas graças.
Não rirão mais de mim,
Das coisas que eu sou, sim.
Eu gosto me gosto assim!

E eu cantarei minha felicidade,
não mais minhas tristezas,
porque virei as costas para o cubículo.
Hoje, eu darei valor a minha liberdade.

Mesmo assim, voltaria mil vezes ao cárcere.
Só para ter certeza de que eu não perdi nada,
ao deixá-lo para trás.
E se tiver algum pássaro,
como eu, lá dentro,
eu vou querer oferecer minhas asas em solidariedade,
mesmo que ele não se importe.

Há um mundo inteiro lá fora.
Um recomeço a cada segundo,
mesmo que você não veja,
por virar as costas ao caminho que se mostra,
fingindo que ele não está ali,
por preguiça de percorrê-lo até o fim
para ver onde tudo acaba.

Au revoir,
Je vais sortir.
Mais je laisse cette message
Pour vous savoir que je,
je m'importe.
Ça je fais pour nous.
Quand vous pouvoir,
marquez a rendez-vous,
donc on peut parler.
Au revoir!
Au revoir!

(Acredite se quiser: eu devo muito a você. Não apagaria nada. Nada, nada.)