gmr

sexta-feira, outubro 27, 2006

ah se eu pudesse pintar o mundo com todas as cores que eu vejo agora
que tão mais bonito ele seria
estariam todas elas sempre aí, fazendo graça da minha incapacidade?
ou é de ti que elas escorem?
que meu mundo é mais colorido por causa tua
ou que meus olhos enxergam mais e melhor
porque o mundo depois de ti tem mais cores
e é mais expressivo e mais bonito
e tem textura, e tem talento
que o mundo onde tu existes é mais compreensível
menos abstrato, por incrível que pareça
sinto mais nu o mundo
ou já que não gostas que fale dos teus méritos
tu me dás a paleta
onde estão as cores
com que pinto o meu mundo
é tu que dá os contornos e preenche as formas
e as minhas formas
é contigo que quero enfeitar minha casa
minha sala de jantar e meu quarto
é contigo que quero uma arte
é contigo que quero enfeitar minha casa
meu corpo e minha casa
meu corpo, minha casa

Brinquedos egoistas de palavras II

Viva a vida!

Existe vida
e vida antes e depois da vida
e vida onde não se vê vida
e vida não vivida
e vida invisível
e vida indo e vindo vida
bem-vinda! Vem e me abraça...





E nesse momento me vejo obrigado a citar o Poetinha:
"da morte apenas nascemos imensamente" (Vinícius de Moraes, Poema de Natal)
para pensarmos...

clichê invertido

eu já nos provei que consigo viver sem ti
mas eu só não gosto da idéia
eu sou teu há tempo

como
onde
quando
para o que for
pelo tempo que for
o quanto for

eu te amo

e ninguém pode fazer nada a respeito
não consigo me matar por dentro

eu te amo no início
e no final
pela vastas existência e não-existência
nem todo o universo foi suficiente para que nós perdêssemos
eu te amo

terça-feira, outubro 24, 2006

- Aprender a tocar violão, para cantar "Unsent" da Alanis Morissette em um bar
- Aprender a tocar piano, para cantar "That Particular Time" da Alanis Morissette em um bar
- Fazer uma projeção astral
- Cursar doutorado em Paris
- Ir a um show da Madonna
- Financiar os estudos de uma criança pelo menos
- Ter uma horta orgânica com itens básicos em casa
- Publicar um livro de poesias
- Publicar um romance
- Começar a discursar na rua sobre qualquer assunto
- Dizer muitas vezes aos meus pais e irmãos o quanto os amo
- Pintar em aquarela
- Escrever uma carta para a minha professora de resação
- Beijar a tua boca mais uma vez e dizer tudo o que és pra mim sem esperar nada em troca
- Fazer trabalho voluntário num asilo (amar velhinhos é uma espécie de solidariedade diante da condição humana.)
- Ter um quintal com um ipê amarelo, um ipê rosa e um flamboyant
- Criar uma fundação para apoiar o estudo de crianças carentes

segunda-feira, outubro 23, 2006

Sintomático

onde está minha vontade de publicar as coisas que escrevo?
está ela escondida no mesmo lugar onde sufoquei a vontade de expressar o que deveras sinto?
tenho sido como um livro tentando ler-se e escrever-se ao mesmo tempo
talvez porque eu gostaria de entender o que passou para poder continuar



queria te mostrar algumas poesias

onde está aquele época
em que éramos um
em que te fazia cócegas
e depois dormia no teu peito

onde está aquele dia em que
te acordei com um beijo
e em que nos confundimos
antes de dizer bom dia

onde está aquela tua risada
e teus "nhe-nhe-nhês"
e todos aqueles personagens que eu inventava
só para ver ter sorisso de coelho

onde está o que nos deixava juntos
o que já não podemos achar
e aquele nosso beijo
seria ainda igual?

onde estão todas as coisas
que não estão mais aqui

eu ainda te amo
e nem sei mais de mim
mas achei outras lágrimas
porque ainda te quero e não posso

eu não consigo te esquecer
porque sobrou amor para ser amado
em algum lugar que eu não sei
mas bem rente à minha alma

quarta-feira, outubro 18, 2006

Brinquedos egoistas de palavras

Livros
O Ser e o nada*
O Nada e o ser
O ser de nada
O nada ser
O não ser
O Nascer


Nome para uma revista escrita sem princípios

sintética
sem ética
citra ética
Citrética


Amoergosum
o pouco que sei de mim
com quase nada do que dizem
mais todo o resto do Universo
coberto de Amor pela existência nela mesma




______________________
* livro de Jean-Paul Sartre.

segunda-feira, outubro 16, 2006

Fragmento III de um fragmento e outra coisa qualquer

"O Sol agora atravessa a persiana do hospital
projetando tiras de sol em meu caderno.
Esse listrado é como que uma representação da vida
[...]
Escrever me acalma tanto...
quase esqueço que a vida está sempre roubando vida"


******


Não tenho sentido vontade de escrever
e quando o faço já não o quero publicar.
Não deve ser nada,
é só medo de dormir
de me desacobertar - ou me descobrir -
e sentir frio e falar o que não se deve
dorme, que nem dos teus segredos sabes bem