gmr

terça-feira, fevereiro 01, 2005

Simbolismo III

No restaurante onde eu almoço,
há um passarinho dentro de uma gaiola.
Amarelinho de alegria, não fica quieto um segundo.
Eu sempre sento no mesmo lugar e fico a observá-lo.
Diversas vezes eu me perguntei
se ele conseguiria ser feliz dentro daquela prisão.
O fato é que aquilo é tudo que ele conhece.
Logo, ele pode ser feliz, mesmo estando limitado.

Eu fui tolo.
Eu era diferente desse pássaro...
Eu via muito mais e resolvi me trancar num cubículo,
apesar de saber do mundo todo lá fora.
Me limitei, e não podia ser feliz.

Agora estou bem na porta da gaiola,
acabo de abri-la e mirar o sol.
Estico ao máximo minhas asas para me sentir grande,
e sinto; e sinto que posso voar bem mais alto do que antes.
Bem mais leve.
Bem mais infinitamente livre e leve.

E eu voltarei a cantar,
sendo o pássaro que antes fui .
Quero voltar a fazer as pessoas rirem das minhas graças.
Não rirão mais de mim,
Das coisas que eu sou, sim.
Eu gosto me gosto assim!

E eu cantarei minha felicidade,
não mais minhas tristezas,
porque virei as costas para o cubículo.
Hoje, eu darei valor a minha liberdade.

Mesmo assim, voltaria mil vezes ao cárcere.
Só para ter certeza de que eu não perdi nada,
ao deixá-lo para trás.
E se tiver algum pássaro,
como eu, lá dentro,
eu vou querer oferecer minhas asas em solidariedade,
mesmo que ele não se importe.

Há um mundo inteiro lá fora.
Um recomeço a cada segundo,
mesmo que você não veja,
por virar as costas ao caminho que se mostra,
fingindo que ele não está ali,
por preguiça de percorrê-lo até o fim
para ver onde tudo acaba.

Au revoir,
Je vais sortir.
Mais je laisse cette message
Pour vous savoir que je,
je m'importe.
Ça je fais pour nous.
Quand vous pouvoir,
marquez a rendez-vous,
donc on peut parler.
Au revoir!
Au revoir!

(Acredite se quiser: eu devo muito a você. Não apagaria nada. Nada, nada.)