gmr

sexta-feira, fevereiro 25, 2005

Levantando acampamento

O pessoal está voltando para o apê. Graças divinas! Esse apartamento é grande demais para uma pessoa só, e eu estava tão "espalhado" que consegui ocupar cada cômodo. Por vezes, saía do banho e me encontrava na sala. Ia para o quarto dormir e me perdia de vista. Chorava perdido no escuro.
Ontem foi o dia de levantar acampamento da sala.
Amanhã, como o meu irmão deve chegar, é dia de abandonar o quarto dele.
Vou juntar tudo, tralha e ferramenta, choro e sorriso, inocência e experiência, e voltar pro meu quarto. Será meu reduto, onde a vida terminará de voltar ao normal, onde terminarei de rejuntar as facetas da minha vida que eu havia deixado se perderem por aí, numa curva que eu pensei que fosse reta. Numa esquina com uma placa bem grande que eu não soube ver, na pressa inocente de quem quer ser feliz rapidamente. Agora, reduzido ao meu quarto, a pressão aumenta, as partículas se juntam, se cumprimentam e tomam chá comendo biscoito. Chá de camomila, para se manterem tranqüilas.
A vida não é curta. A vida é longa demais. Se pudéssemos tomar uma decisão e ver, um segundo depois, a perda de tempo que isso poderia representar, o sofrimento que poderia trazer, isso sim seria uma vida curta. Curta e boa. Mas ela precisa ser longa pra que nos sintamos idiotas pensando: "Quanto tempo jogado ao vento, quantas lágrimas disperdiçadas!". E logo depois: "Como eu nunca mais quero passar por isso, como eu preciso aprender a ponderar as coisas, como nada vale a pena se comparado com a minha felicidade". E então, torna-se uma vida longa e boa, espero, pois estou no meio do caminho, com medo das curvas, e ainda não vejo onde tudo isso acaba. Onde tudo isso acaba...

(Dispenso agora a pressa inocente de querer ser feliz rapidamente. Vamos com cautela, Leãozinho).