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terça-feira, agosto 01, 2006

Uma vez, me chamaram de sol
disseram que eu trazia vida
alegrava as pessoas

acho bonito isso
de emanar algo bom
de iluminar as coisas
é o que eu sempre tento

as pessoas esperam que eu as faça rir
- sempre -
mas o sol vai queimando aos pouquinhos
e há de ser forte para não se deixar apagar de vez

na realidade, não
eu sou uma ilha
uma ilha dentro de uma Ilha
e me sei sozinho
e impotente
- nem gosto mais de olhar as pessoas na rua -



quem sabe eu seja uma criança na janela
- na grande janela -
que ao ver uma estrela cadente
se apega à esperança
que não abre mão da fantasia,
fazendo um pedido tolo

um dia - daqui a uns oitenta anos -,
quando eu não tiver mais forças, eu mesmo irei ao chão
em alguma varanda voltada pras árvores do meu quintal
e a minha xícara de chá esfriará em cima da mesa sem que ninguém note
assim como se apaga o meu sol





(as pessoas querem as coisas erradas
não há espaço para bons sentimentos
as pessoas não querem a suave manhã
querem os sóis de meio-dia

mas o dia que eu me render ao que é vão
estarei eclipsado)