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sábado, janeiro 14, 2006

Sentimentos e verdades

Em matéria de relações humanas, uma das coisas mais importantes e sábias a se fazer é honrar seu passado.Não só o passado distante, não só o passado acabado. Mas o passado contínuo de ontem.
Quando uma relação chega ao seu fim, ou se torna menos intensa, há de se saber respeitar o que se sentiu antes. Não raro vemos casais esfalacelando as imagens que antes faziam do companheiro.
Eu ia chamar isso de "desnaturação dos significados sentimentais pretéritos", porém o termo não é correto. Significado não é algo natural, mas antes uma escolha. Basta pensarmos no que baseamos nossa comunicação isto fica claro: uma palavra é um agrupamento de símbolos - letras, desenhos de letras - aos quais atribuímos sons. Uma determinada seqüência de sons faz com que o nosso cérebro busque nos seus arquivos um significado, que foi construído. Tanto é que não entendemos as palavras que não conhecemos, por simplesmente não as termos experimentado antes.
Experimentado! Outra palavra-chave! Tanto a comunicação, como a convivência com outras pessoas nos fazem lembrar de experiências passadas, cada qual com o significado que atribuímos, que não raramente é disparado como um gatilho, verificadas algumas condições - ao que se dá o nome de janelas killers. Por exemplo, uma música que faz um casal chorar, pode fazer outro ter desejos carnais um tanto obscuros. Isso não acontece "naturalmente", mas com base numa memória biológica e química, sim, mas também emotiva, psicológica, social.
Espero não ser muito criticado por ter dado uma volta desta dimensão para chegar simplesmente até aqui. O que eu quero dizer é simplíssimo: respeite o seu passado. Se você sentiu amor, alegria, regozijo, ou se sentiu ódio, tristeza e dor, não analise isso pelos padrões de significado que você possui agora. À época, era a verdade do momento. E uma verdade não é melhor que a outra. Entretanto - e isso é talvez seja ainda mais importante - privilegie as verdades que você quer viver dali em pra frentee e não se julgue um tolo se mais adiante achar que viveu uma ilusão. O engano só existe como se o concebe como tal.