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sexta-feira, abril 01, 2005

Poema Inútil

Já não faz sentido chorar os mesmos motivos,
as mesmas desgraças, as mesmas feridas.
Se ninguém se importa
se nem eu me importo
é inútil
e eu já não choro

Já não faz sentido respirar
mais ou menos profundamente,
com menos ou mais fumaça,
se é só pra mim que eu respiro,
já não faz sentido
é inútil

Se eu abraço o travesseiro
Mais ou menos forte
Já não importa
porque só eu o abraço
eu sempre abraço sozinho, acho

Nem esse coração
se bate mais rápido ou mais lento
se ritmado ou infartante
se mais pra esquerda
se mais pra direita
porque a batida dele se encerra em mim
e se torna inútil

Nem esses olhos
se o brilho deles é mais ou menos molhado
já não importa
quando eles já nem me vêm
e já não querem te ver
e já não alcançam quem eles querem
são inúteis
e eu já não vejo

e um dia eles se fecham
e nada terá tido utilidade,
quando as coisas se acabam,
nem prazer, nem dor
nem roxo, nem verde
nem laranja, nem rosa
nem azul, nem amarelo
nada é útil
e tudo se acaba
e ninguém se importa