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terça-feira, janeiro 04, 2005

Uma questão de hábito

Algumas pessoas se acostumam com todas as coisas. Sempre esperam que tudo aconteça como antes. Elas acreditam numa "normalidade". Acreditam que há uma força nos protegendo.
Já eu... eu queria acreditar que elas são mais felizes que eu, pois são otimistas.

Como todo mundo, com algumas coisas eu me acostumo. É isso que faz com que eu comece um curso na faculdade, por exemplo. Do contrário, eu estaria na praia todos os dias, mas todos vivemos esperando uma recompensa para as nossas ações: "[a felicidade pessoal é] a idéia de receber de seu cotidiano as gratificações imediatas cuja a medida constitui o parâmetro normativo do vivido"¹.

Acontece que, com algumas coisas simplesmente não podemos nos acostumar, para a nossa própria proteção. Eu não acredito em "proteção divina". Eu acredito é nas pessoas, nas ações das pessoas. Na vontade, no querer, no fazer, no realizar. Acho que isso explica porque eu sou pessimista, apesar de parecer contraditório. Se tudo depende de nós, nada mais fácil que as coisas tendam para a imperfeição. Mas não! Criamos a mentira de que tudo estará bem, que não importa se perdemos o controle, alguém retomará o leme. E sofremos.

A partir de hoje eu quero é ser pessimista, pois sofre-se menos: antes admitir que suas convicções estão erradas do que sofrer o desmonte de uma ilusão. Deus está morto.

Há uma pergunta que não me incomoda mais, pois cada vez tenho mais convicção da resposta. "Deus: criador ou criatura?"


¹- "[Bonheur personnel est] l'idée de reecevoir de son quotidien des gratifications immédiates dont la mesure constitue le paramètre normatif du vécu" Do filme "Le Déclin de l'Empire Américain", de Deny Arcand
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Antes não tivessemos nos acostumado com a "normalidade"

Não se acostume com tudo
(um dos tornados que atingiram Criciúma, cidade dos meus pais, em 3.01.05. Lá em casa tudo bem, mas e na das 70 famílias atingidas?! Viu?! Melh0r não acreditar que tudo está sempre tão bem.)